quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

OS PRIMEIROS IMIGRANTES DA FAMÍLIA ELLER AO BRASIL














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1 – Heinrich Eller ( *1775 /U 05/05/1840) Anna Maria Margarethe (*1781 /+ ...)

- Casado com Anna Maria Margarethe em 1804 , Heinrich Eller, sua espôsa e cinco filhos partiram do porto de "Den Helder" na Holanda, deixando para trás a aldeia "Ober-Hörgern" estado de Hessen na Alemanha onde moravam e chegaram à Nova Friburgo – RJ em 3 de maio de 1824 e foram colonos no lote 103, casa de nº 80 da referida cidade. E depois de fixarem moradia Heinrich teve mais um filho: Peter Heinrich Eller. Heinrich Eller faleceu com 65 anos de idade com problemas de saúde; cálculos "renais"(?).

Filhos: 1.1 - Wilhelm Eller (*1806 /U 1872)

1.2 – Johannes Eller (*1812 /+ ...)

1.3 – Elisabeth Eller (*1815 /+ ...)

1.4 – Anna Margaretha Eller (*1817 /+ ...)

1.5 – Catharina Elisabeth Eller (*1820 /+ ...)

1.6 – Peter Heinrich Eller (* ... /+ ...)



1.1 – Wilhelm Eller (Guilherme Eller) (*1806 /U 1872) Charlotte Klein(*1808 /U (?)); filha de Conrad Klei e Catharina Dorothea Bender, casaram-se em 30/06/1829 em Nova Friburgo - RJ. Em 1868 Guilherme mudou-se para Alto Jequitibá do Manhuaçu, hoje Alto Jequitibá - MG.

Filhos: 1.1.1 – Henrique Eller (neto) (*21/04/1831) - nasceu em Nova Friburgo - RJ.

1.1.2 – João Eller (*13/12/1832)

1.1.3 – Catarina Isabel Maria Eller (*22/09/1834)

1.1.4 – Guilherme Eller (filho) (*25/04/1836) - nasceu em Nova Friburgo - RJ.

1.1.5 – Margarida Eller (*21/02/1838) - nasceu em Nova Friburgo - RJ.

1.1.6 – Pedro Eller (*04/01/1840) - nasceu em Nova Friburgo - RJ e em 1868 mudou-se para Alto Jequitibá - MG.

1.1.7 – Carlos Eller (*03/01/1842)

1.1.8 – Carlota Eller (*15/01/1844)

1.1.9 – Isabel Maria Eller (*28/09/1845)

1.1.10 – Felipe Eller (*09/06/1848)

1.1.11 – Jorge Eller (*04/01/1850 /U 24/05/1850)

1.1.12 – Madalena Eller (*25/03/1852)

1.1.13 – Carolina Eller (*05/02/1854)

1.1.14 – Frederico Eller (*25/12/1857)



1.1.1 – Henrique Eller (neto) (*21/04/1831) Juliana Louback

Em 1868 Henrique mudou-se para Alto Jequitibá - MG.

Filhos: 1.1.1.1 - Francisco de Paula Eller (*10/01/1877) - nasceu em Alto Jequitibá - MG.

1.1.1.2 - ...



1.1.1.1 - Francisco de Paula Eller (*10/01/1877) Guilhermina Sathler

Filhos: 1.1.1.1.1 - Leontine Eller (*16/02/1897) nasceu em Alto Jequitibá - MG

Henrique Eller (neto) pai de Francisco de Paula Eller foi quem construiu o Primeiro Templo da Igreja Presbiteriana em Alto Jequitibá - MG e Francisco Eller, como era conhecido, foi o responsável pela incansável busca de um pastor oficial para dar continuidade à evangelização da Palavra de Deus iniciada pelo seu pai no referido município.



1.1.3 – Catarina Isabel Maria Eller (*22/09/1834) Joannes Emmerich; filho de Ferdinand Ludwig Emmerich e Catharina Bockenar, casaram-se em 20/09/1863 em Nova Friburgo - RJ.

Filhos: 1.1.3.1 - ...



1.1.4 – Guilherme Eller (Filho) (*25/04/1836) Teresa Emmerich; filha de Ferdinand Ludwig Emmerich e Catharina Bockenar, casaram-se em 20/09/1863 em Nova Friburgo - RJ, ou seja, no mesmo dia que sua irmã Catarina.

Filhos: 1.1.4.1 – Ludivino Augusto Fernando Eller (*1865)

1.1.4.2 – Henrique Guilherme Eller (*1867) - nasceu em Nova Friburgo - RJ.

1.1.4.3 – Adelaide Isabel Eller (*1871)



1.1.4.1 – Ludivino Augusto Fernando Eller (*1865) Isabel Schwenk; filha de Johann Georg Carl Schwenk e Gertrud Grieb, casaram-se em 11/08/1885 em São José do Ribeirão - RJ.

Filhos: 1.1.4.1.1 – Luiz Virgílio Eller (*23/08/1889)

1.1.4.1.2 - Amélia Adelaide Eller (*27/04/1891)

1.1.4.1.3 – Carlos Eugênio Eller (*12/02/1893)



1.1.4.2 – Henrique Guilherme Eller (*1867) Sofia Clara Emmerich (*1872) nascida em Nova Friburgo - RJ; filha de Joseph Ludwig Emmerich e Margareth Sathler, casaram-se em 11/07/1891 em São José do Ribeirão - RJ.

Filhos: 1.1.4.2.1 – Maria Angelina Eller (*23/07/1892)

1.1.4.2.2 - ...



1.1.4.3 – Adelaide Isabel Eller (*1871) Carlos Marcos Klein; filho de Heinrich Klein e Elisabeth Maria Juliana Klei, casaram-se em 07/07/1888 em São José do Ribeirão - RJ.

Filhos: 1.1.4.3.1 - ...



1.1.5 – Margarida Eller (*21/02/1838) João Verly

Filhos: 1.1.5.1 - ...



1.1.8 – Carlota Eller (*15/01/1844) Benedito Verly

Filhos: 1.1.8.1 - ...



1.1.9 – Isabel Maria Eller (*28/09/1845) Carlos Gripp

Filhos: 1.1.9.1 - Carlos Gripp Filho



1.1.12 – Madalena Eller (*25/03/1852) Pedro Antônio de Faria

Filhos: 1.1.12.1 - ...



1.1.13 – Carolina Eller (*05/02/1854) José Maria de Bonson

Filhos: 1.1.13.1 - ...



1.2 – Johannes Eller (João Eller) (*1812 /U ...) Rosa Bockenar; filha de Adam Bockenar e Christina Bockenar, casaram-se em 24/04/1837 em Nova Friburgo - RJ.

Filhos: 1.2.1 – Guilherme Eller (sobrinho) (*19/02/1838) - nasceu em Nova Friburgo - RJ

1.2.2 – (falta informação do nome) (*12/07/1839) - nasceu em Nova Friburgo - RJ.

1.2.3 – Henrique Eller (*22/05/1841) - nasceu em Nova Friburgo - RJ.

1.2.4 – Isabel Eller (*08/04/1843)

1.2.5 – João Jorge Eller (*08/06/1845)

1.2.6 – Margarida Eller (*28/08/1847)

1.2.7 – Pedro Eller (*15/06/1849)

1.2.8 – Catarina Eller (*14/11/1851)

1.2.9 – João Eller (filho)(*04/11/1853)

1.2.10 – Maria Teresa Eller (*05/08/1855)

1.2.11 – Friederico José Eduardo Eller (*19/07/1857)



1.3 – Anna Elisabeth Eller (*1815 /+ ...) Johannes Wingärtner; nascido em Hessen - Alemanha, casaram-se em 05/06/1837 em Nova Friburgo - RJ.

Filhos: 1.3.1 - ...



1.4 – Anna Margaretha Eller (*1817 /+ ...) Johann Peter Heringer (*1808); filho de Jacob Heringer e Maria Elisabeth Cullmann.

Filhos: 1.4.1 - ...



1.5 – Elisabeth Catharina Eller (*1819 /+ ...) Johann Friedrich Heinrich Schott (*1815); filho de Heinrich Johann Schott e Maria Magdalena Lang, casaram-se em 22/01/1841 em Nova Friburgo - RJ.

Filhos: 1.5.1 - ...



1.6 – Pedro Henrique Eller (* ... /+ ...) Juliana Laubach

Filhos: 1.6.1 – Carlota Eller (*18/02/1856)

1.6.2 – Guilherme Eller (*19/03/1858)

1.6.3 – Henrique Pedro Eller (*14/12/1860)





OUTROS IMIGRANTES ALEMÃES:



1 – Peter Eller; filho de Mathilde Eller Catharina Laubach; Filha de Johann Gerog Laubach e Maria Margaretha Schenkel.

Filhos: 1.1 – August Eller (*---11-1863)



1 – Wilhelm Eller Maria (escrava)

Filhos: 1.1 – Anna Maria Bernado Eller (*17-04-1854)

1.2 – Manoel Victorino Eller (*19-03-1858)


obs.
a minha descendencia vem de:
1.1.4.2 – Henrique Guilherme Eller (*1867) - nasceu em Nova Friburgo - RJ.

A colonização Suíça e Alemã em Nova Friburgo...




- Rio de Janeiro -



1.1. Os Suiços

O Rei D. João VI, no tempo em que residia no Brasil, mandou vir com grandíssima despesa 1.400 suíços para povoar o sertão da Província do Rio de Janeiro. Chegaram estes colonos ao Brasil no princípio de 1820; no primeiro ano todos eles receberam um subsídio de 160 réis por dia, entrando nesta conta mesmo as crianças de peito; distribuíram-se-lhes terras, num povoado feito por antecipação para serem recebidos, na serra do Morro Queimado, por ser esta da Província aquela cujo clima se assemelhava mais com aquele em que os suíços tinham vindo ao mundo. Um alvará de 3 de janeiro de 1820, conferiu à colônia suiça o título de vila, a atual Nova Friburgo, a 32 léguas (192 km) a nordeste da cidade do Rio de Janeiro, capital do Império, assinalando-lhe por Distrito parte do Cantagalo e ordenado que sua Câmara seria formada metade de suíços e metade de portugueses e brasileiros. Estabeleceu-se na Vila um mercado que funcionava no princípio e meado do mês e três dias de feira por ano, em 24, 25 e 26 de junho. Concedeu-lhe uma escola de primeiras letras aberta no início de 1837. Posteriormente foi instituído um Colégio inglês, por Mr. Freez, onde se faziam ótimos estudos.

O distrito de Nova Friburgo limitava-se ao norte com o de Cantagalo, a oeste com o de Cabo Frio e, ao sul, com a Serra dos Órgãos. No segundo ano os suíços receberam metade do subsídio. Cultivavam mandioca, milho, feijão e cana. Com a chegada dos alemães, ajuntaram-se a essas culturas as de hortaliças, batatas, frutas, etc. As geadas impedem as plantações de cafeeiros e outras plantas vivazes. Os vales, regados por vários ribeiros, oferecem ótimos pastos para toda espécie de gado. Os colonos fazem manteiga e queijo de superior qualidade, produtos que se consomem lá mesmo, por ser dispendioso e demorado o transporte para o Rio de Janeiro. Muitos dos colonos logo se afastaram para o distrito de Cantagalo, Rio de Janeiro e até para a província de Minas Gerais.

O pequeno número dos que perseveraram em cultivar as terras que lhes foram dadas, foi aumentado alguns anos depois com colonos alemães mandados vir pelo governo imperial. Estes novos colonos não receberam subsídios e por isso foram mais constantes e perseverantes no trabalho.



1.2. Motivos da Imigração Alemã

Que motivos trouxeram os alemães em 1823 para o Brasil?

A Europa de 1823 continuava conflituada e não diferia muito da que se fizera cenário para a vinda dos suíços em 1819. As guerras, a miséria e as pestes dizimavam populações e o Novo Mundo surgia como o Eldorado definitivo.

Os suíços não tinham tido o sucesso desejado por todos em Nova Friburgo. Depois da esperança de 1820, a contratação de novas levas migratórias poderia ser uma boa solução. E com esse intuíto e somado ao momento político em que o Brasil se passava, José Bonifácio de Andrada e Silva, como ministro dos Negócios Estrangeiros, assinou em 21 de agosto de 1822 quando o processo de nossa independência já se liquidava, no qual incluía a imigração de no máximo 4.000 pessoas divididas em duas classes, sendo: "A Primeira, de atiradores que debaixo do disfarce de colonos serão transportadas ao Brasil onde deverão servir como militares pelo espaço de seis anos; a Segunda classe, de indivíduos puramente colonos aos quais se concederão terras para seus estabelecimentos, devendo porém servir como militares em tempos de guerra, à maneira dos Cossacos ou Milícia Armada, vencendo no tempo de serviço, o mesmo soldo que têm as Milícias Portuguesas, quando se acham em campanha".



1.3. Contrato a que se Submetem os Alemães

Eis na íntegra a transcrição do contrato feito em Franckfort, em 12 de maio de 1823:

OBRIGAÇÕES - A que submetem os colonos Alemães

- Colônia Alemã contratada em Franckfort sobre o Meno em maio de 1823

Tendo-se dignado sua majestade, Imperador do Brasil, de nomear pelo Ministro e Secretário de Estado José Bonifácio de Andrada e Silva, o professor Gretzchmar, doutor em medicina e morador em Franckfort sobre o Meno, na forma dos poderes e instruções dadas ao seu plenipotenciário principal na Alemanha, o senhor cavalheiro e major George Antônio Schaeffer, seu plenipotenciário na cidade livre e germânica de Franckfort sobre o Meno a fim de dirigir os negócios do Império do Brasil, e especialmente para promover a emigração de súditos alemães para o mesmo Império, assegurando-lhes as vantagens concedidas pelo governo brasileiro não só quanto a passagem dos emigrados, como sua recepção no grêmio da sociedade brasileira: o professor Gretzchmar, doutor em medicina, em virtude dos referidos poderes tem estipulado da maneira mais solene com os condutores e anciãos, os quais por outro documento foram para esses cargos nomeados, os seguintes pontos de convenção:

Art. 1º - Todos os colonos e pais de família, adiante mencionados em um mapa especial, que já tiverem recebido de meus respectivos governos em virtude de contratos anteriores a permissão de emigrarem, receberão incontinente à chegada ao Brasil:

a) O direito de cidadão com todas as vantagens e condições a ele inerentes, e todos os direitos gerais e especiais de que gozam os proprietários e possuidores livres, e que são garantidos pela suprema autoridade, conforme as leis do país.

b) Como benévola assistência aos colonos recém-chegados, serão declarados livres por espaço de oito anos de todos os Impostos públicos, e quaisquer outras contribuições.

c) Sendo os estabelecimentos coloniais penosos, e a muitos respeitos impraticáveis, quando fundados nas matas virgens, sua Majestade Imperial querendo quanto ser possa remover esses inconvenientes acerca da presente colônia, tem resolvido por intermédio de seu plenipotenciário principal o senhor major Schaeffer, que os colonos neste mencionado sejam incorporados às colônias, já fundadas desde 1816, de Leopoldina e Franckenthal sobre os rios Caravelas e Viçosa.

d) Tendo os possuidores e proprietários das colônias acima mencionadas, os senhores George Antônio Schaeffer e Guilherme Freireyss, conforme o convite do governo, tomando a obrigação de receber todos os colonos nas terras a eles pertencentes, estes ditos senhores conforme as disposições das leis brasileiras acerca das novas colônias alemãs, tem concedido a estes colonos os seguintes favores e vantagens, que devem ser considerados como as bases ulteriores para esta colônia no futuro.

Art. 2º - Cada pai de família e cada homem independentemente, isto é, emancipado receberá logo que chegar, duzentas jugadas rhenanas de terra, ou quatrocentas braças quadradas, como propriedade, que será hereditária para seus descendentes e parentes em linha descendente.

Esta propriedade de duzentas jugadas de terra não ficará gravada pelos senhores atuais possuidores de servidão alguma. Não poderá porém o colono vendê-la a um estranho, considerando-se como tal qualquer que se não achar inscrito de modo legal na lista dos colonos.

Artigo Adicional:

Aqueles pais de família que tiverem filhos gerados em dois casamentos, receberão dois lotes, cuja metade o pai ou a mãe logo que seus enteados sejam maiores, distribuirá entre eles; sendo o pai até essa época o seu tutor natural e administrador dos bens, sem que ao momento de receber as ditas terras possam os enteados fazer reclamação alguma por seus frutos e rendimentos.

Art. 3º - Os senhores possuidores e proprietários das colônias Leopoldina e Franckenthal obrigam-se a todos os colonos as casas e outros edifícios necessários, em cuja construção serão especialmente empregados os carpinteiros, pedreiros e outros artistas dentre os colonos mediante um jornal razoável, sendo os pais de família também obrigados a auxiliar essa construção, devendo os objetos assim feitos serem considerados como propriedade dos colonos.

Art. 4º - Os senhores possuidores acima mencionados, obrigam-se a fornecer grátis a todos os colonos as sementeiras e mudas dos produtos do país, e particularmente de arroz, milho, anil, fumo, cana de açúcar, algodão, inhame, bananas, e plantas oleogenosas. Os colonos gozarão de já e para sempre do direito de pescar e caçar. Os distritos designados para pastos serão de propriedade como: mas os colonos serão obrigados a concorrer para o levantamento e conservação das cercas segundo o número de pessoas de cada família. Cada colono terá direito de cortar no distrito da colônia a lenha que precisar para seu uso cotidiano, bem assim a madeira que lhe mister para uso de qualquer indústria, como serraria, fabricação de carvão, de vidros, etc.

Sua majestade concedendo a todos os seus súditos a faculdade de explorarem minas de ouro, ferro, etc., o plenipotenciário especialmente declara que de igual vantagem e faculdade gozarão os colonos alemães, contanto que para isso obtenham a competente autorização do governo, e paguem os direitos respectivos.

Art. 5º - Como não se pode esperar que os colonos da Leopoldina e Franckenthal possam logo nos primeiros tempos de sua residência prover-se dos meios necessários de sua subsistência, os senhores possuidores estão resolvidos proporcionar-lhes por enquanto, esperando que os mesmos colonos empregarão o maior cuidado e diligência logo que chegarem à dita colônia em fazerem plantações de feijão, ervilhas e outras plantas farináceas, comprometendo-se o abaixo assinado solicitar do governo imperial a título de empréstimo para os necessitados e todos os mais que desejarem o gado necessário para a lavoura e alimentação. Passados quatro anos será esse gado assim emprestado restituído pelos colonos ao governo em espécie.

Art. 6º - Conquanto sejam todos esses favores e vantagens acima mencionados concedidos tanto da parte do governo, como dos proprietários das colônias Leopoldina e Franckenthal, a todos aqueles que imigraram para estas colônias, todavia não sendo possível que logo nos primeiros dez anos de residência, se achem os colonos nas circunstâncias de construírem e edificarem eles mesmos por sua conta, os moinhos, engenhos, refinarias, e outros maquinismos geralmente dispendiosos, que aliás tão indispensáveis para a cultura dos produtos coloniais, como sejam café, açúcar, anil e algodão, sendo que os lucros da cultura destes produtos constituem a maior riqueza do país, os senhores possuidores das ditas colônias obrigam-se pela presente convenção, mandar fabricar e preparar todos artigos brutos daquele gênero produzidos pelos colonos nos engenhos e maquinismos que eles já têm, o que para o futuro estabelecerão, segundo o costume da terra, metade do produto trabalhado, ficando entendido que o colono levará à sua custa ao engenho ou fábrica o gênero bruto, e aí receberá sua metade depois de preparado.

Artigos Adicionais:

a) São totalmente executados das condições acima os objetos destinados ao sustento da família.

b) A proporção da partilha estipulada no artigo antecedente que tem por fim oferecer aos senhores proprietários uma módica indenização de seus grandes desembolsos, ficará totalmente abolida ao cabo de dez anos, nutrindo o governo imperial a esperança de que à expiração desse termo seus fiéis súditos alemães, serão chegado a tal estado de prosperidade que poderão por si mesmo estabelecer os engenhos e maquinismos necessários à manutenção de sua indústria agrícola.

c) Se porém concluído este termo, um ou outro colono desejar continuar no mesmo método de trabalho misto, poderá para esse fim celebrar contratos especiais com os senhores proprietários das colônias, estipulando a proporção da partilha segundo lhe ditar o resultado de suas próprias observações e experiência adquirida.

d) Como segurança ou compensação dos grandes desembolsos e obrigações a que por estes ficam sujeitos, os senhores proprietários das colônias, exigem que nenhum colono possa por espaço de dois anos abandonar a mesma; sendo-lhe porém livre deixarem a colônia passado esse tempo, e irem estabelecer nova residência onde melhor convier, como cidadãos livres que são.

Art. 7º - O abaixo assinado tem a íntima convicção de que todos os senhores colonos deixam a sua pátria para acharem um mundo novo, nova prosperidade e bem-estar, portanto ele não pode deixar de mencionar neste importante contrato aquelas bases, sem as quais, tanto no velho como no novo mundo nenhuma prosperidade pode subsistir, estas são: a ordem legal na vida e uma conduta moral. Sem elas desfazem-se todos os planos, sem elas nada prospera. Portanto para satisfazer não somente ao governo brasileiro, mas também desejos expressos por muitos dos senhores colonos, o abaixo assinado como aprovação do plenipotenciário principal o major Schaeffer, tem firmado contrato especial com o senhor pastor Frederico Sauerbronn de Kernberherbach para servir de cura e pregador evangélico das comunidades de Leopoldina e Franckenthal.

Em virtude deste contrato especial o governo brasileiro obriga-se a conceder aos Pastor Sauerbronn o mesmo ordenado que se paga aos curas do império. Porém como assim, o senhor pastor Sauerbronn é o primeiro a fazer o sacrifício da emigração, e em dar o exemplo de promover e conservar a fé cristã na parte meridional do novo mundo, bem como manter e sustentar a probidade alemã e os excelentes costumes do povo germânico, o abaixo assinado convida pelo presente a todos os senhores colonos, a que se acaso ordenado pago pelo governo não for igual ao vencimento de dois mil florins rhenanes, marcado no contrato de sua nomeação, as famílias colonas lhe concederão uma contribuição "pro rata", e declaram-se prontos a pagarem o dito aumento de ordenado, assinando seus nomes, o que o abaixo assinado não duvida que façãm.

Art. 8º - Finalmente declaram todos os colonos abaixo assinados que eles pagarão de seus próprios meios as despesas de sua passagem, e obrigam-se tanto suas próprias assinaturas aqui apostas, como sob a fé e retidão alemã, que executarão plenamente durante a passagem as ordens e regulamentos concernentes à polícia, moralidade, e sobriedade: e outrossim declaram, que farão honra, na nova pátria do Brasil ao nome alemão, pela sua aplicação, bons costumes, preserverante obediência às autoridades públicas, plena dedicação aos senhores proprietários da Leopoldina e Franchenthal, e pela devoção inviolável inteira lealdade para com sua majestade senhor, D. Pedro I Imperador do Brasil, seu gracioso pai e monarca.

Pela validade e irrefragável execução de todos os artigos contidos neste contrato de nº 1 a 8, as partes contratantes, de um lado o plenipotenciário de S. M. I. e de outro lado todos os colonos têm aqui apostas suas assinaturas e sinetes renunciando todos os protestos de qualquer classe ou natureza que forem.

Tudo lealmente e sem dolo.

Feito em Franckfort sobre o Meno aos doze do mês de maio de 1823.

(Assinados) P. J. Kretzschmar, plenipotenciário e agente de Sua Majestade o senhor D. Pedro I Imperador do Brasil, etc., etc., etc.

L. S. Johan Bernard Joseph Gross, como encarregado de conduzir a colônia – Jonas Emmerick (colono).



1.4. A Primeira Leva de Emigrantes

A primeira leva de emigrantes embarca no porto de Den Helder - Holanda em 24 de junho de 1823 no Navio Argus, e depois de vários acidentes provocados por temporais resultando em grande atraso, chega ao porto de desembarque, no Rio de Janeiro, em 13 de janeiro de 1824. À Nova Friburgo, chegam em 3 de maio de 1824. A distribuição de terras aos alemães começou por áreas abandonadas pelos suíços. As terras foram insuficientes e por isso foi proposto um plano para distribuição de terras devolutas ao sul da colônia e nos sertões de Macaé. Muitas famílias receberam terras inférteis e repetiram a trajetória já feita pelos suíços insatisfeitos, em busca de novas regiões. Segundo testemunho do Pastor Frederico Sauerbronn, metade dos colonos seguiram este destino. Assim é que a população de Nova Friburgo, em março de 1851, seria de 1496 habitantes livres. Desse total eram originários da colônia suíça 857 que se tornaram católicos e 639 da colônia alemã, protestantes. Os suíços que permaneceram lutavam para sobreviver sem grandes aspirações ou ganhos maiores dos que os de sua subsistência. A vida da pequena colônia vira-se abalada pelos alemães, que traziam um desconhecido idioma, costumes e hábitos diferentes e ainda a religião contrária à oficial.

E nesta primeira leva de emigrantes é que Heinrich Eller, sua esposa Anna Maria Margaretha Eller e seus filhos: Wilhelm Eller, Johannes Eller, Elizabeth Eller, Anna Margaretha Eller e Catharina Elizabeth Eller, partiram do porto de Den Helder - Holanda, deixando para trás a aldeia de Ober-Hörgern - Hessen na Alemanha onde viviam, e depois de uma viagem com muitos incidentes, desembarcaram ao Rio de Janeiro em 13 de janeiro de 1824. Ao desembarcarem, ficaram alojados num lugar chamado "Armação" de propriedade do Imperador onde ficaram por três meses até tomar posse de uma área de terra com quatrocentas braças quadradas (lote de n.º 103 e casa n.º 80) cedida pelo Imperador, no distrito de Nova Friburgo - Rio de Janeiro e nela se instalaram em 3 de maio de 1824. A família progrediu. Heinrich teve mais um filho - Peter Heinrich Eller que na idade adulta, como também seus irmãos, constituíram suas respectivas famílias e se emigraram para outras regiões do país, entre elas: Região norte do Estado do Rio de Janeiro (como: São José do Ribeirão, Duas Barras, Cantagalo), Leste do Estado de Minas Gerais próximo à divisa com o Sul do Estado do Espírito Santo (Alto Jequitibá, Manhuaçu), como também, a própria região Sul do Estado do Espírito Santo (Castelo, Afonso Cláudio, Vitória).



1.5. A Missão do Pastor Sauerbronn

A Pastor Sauerbronn sofria pressões e difamações no exercício do seu ofício. Na realidade ele foi o personagem mais notável que chegou a Nova Friburgo. Ainda na viagem, no Argus, falecera sua esposa Carlota. Após desembarcarem no Rio de Janeiro (Armação), oficiara três enterros de colonos e, por ironia do destino, o primeiro assentamento que fez nos registros da Comunidade Luterana da Vila de Nova Friburgo foi a 14 de maio de 1824 – o óbito e enterro de seu pequenino filho, nascido à bordo, perto de Tenerife.

Logo após o Pastor se instalar em Nova Friburgo, o vigário Joyce, igreja romana (Igreja de São João Batista de Nova Friburgo) faz sua primeira representação contra ele. A 19 de maio, Monsenhor Miranda, Inspetor dos Colonos, encaminhou a representação ao Secretário Carvalho e Melo. Este, em Portaria de 10 de junho, sobre a questão suscitada entre os dois vigários, aceitando parecer de Monsenhor Miranda, determinava-lhe, em nome do Imperador, que notificasse ao vigário Joyce que não lhe fora atendida a representação, recomendando muito que essa ocasião que se conforme à Portaria de 22 de janeiro do corrente ano e ao Art. 5º do Título 1º da Constituição. A portaria 22 foi uma das primeiras ordens dadas aos alemães e, que se avolumaria com muitas outras. Foi em resposta à solicitação do Pastor Sauerbronn, pedindo autorização para exercer o seu culto. Em resposta comunicava Carvalho e Melo que o Imperador "houve por bem resolver que o dito vigário alemão possa exercer particularmente as funções de seu ministério em alguma casa, que seja para isso cômoda" (Biblioteca Nacional, Seção de manuscritos 11-34, 22 15 nº 15).

O art. 5º da constituição rezava: "a religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com o seu culto doméstico ou particular em casa para isso destinadas, sem a forma alguma exterior de templo". E o Art. 179 § 5.º: "Ninguém pode ser perseguido por motivo de religião, uma vez que respeite a do estado e não ofenda a moral pública" (Constituição do Imperio do Brasil).

E, em continuação, terminou com a seguinte recomendação: "E há outrossim por bem (O Imperador) recomendar ao mesmo inspetor que admoeste a ambos que se abstenham de proselitismos religiosos que podem causar àqueles povos dissenções prejudiciais à prosperidade civil dos colonos". Não se sabe a razão dessa primeira rixa do vigário romano contra Sauerbronn. Parece que foi por causa da portaria de 22/01/1824.



1.6. Casamento e Enterro

O primeiro casamento evangélico realizado em Nova Friburgo pelo Pastor Alemão ocorreu a 30 de maio de 1824, entre Charles Sinner, protestante e Clara Heger, católica. Ambos suíços, ela já anteriormente casada com David Luiz Heche, vivendo ainda.

Nova representação contra o Pastor é encaminhada a 6 de junho por Monsenhor Miranda em que o Padre Joyce acusa frontalmente Sauerbronn contra o casamento dos suíços e ainda mais, no caso de um enterro, no qual Sauerbronn tivera papel saliente na qualidade de Pastor. A 12 de julho, em portaria, recomendava o ministro Carvalho e Melo, no tocante ao casamento procedesse o mesmo Monsenhor aos mais escrupulosos exames, para o esclarecimento da verdade, ficando na inteligência de que semelhante casamento não deve Ter lugar, logo que conste autenticamente ser já casada aquela mulher, e existir ainda seu legítimo marido.

Quanto ao enterro que se dissera realizado com ostentação, determinara Carvalho e Melo que exercessem os protestantes as suas cerimônias religiosas muito em particular, se quiserem ter direito à proteção que a nossa Constituição tão liberalmente autoriza.

No seu ofício de 6 de junho, manifestara Monsenhor Miranda receio de que revivessem os dois vigários aquelas rixas que já haviam desunido os suíços (talvez um dos motivos de terem muitos deles deixado a colônia). Assim, sobre as discórdias religiosas, escreveu Carvalho e Melo: "Finalmente sobre o receio que o sobredito Monsenhor de que não surjam agora, na colônia alemã, as mesmas desavenças que diz, tanto concorrerem para a decadência da colônia dos suíços, devia o inspetor indagar todas as notícias a este respeito, para se darem as providências necessárias" (Diário Fluminense, n.º 19, de 23/07/1824 e Biblioteca Nacional, Seção de Manuscritos, Portarias de 12/07/1824).



1.7. A Viagem para o Brasil

Digna de menção é também a carta de Sauerbronn a parentes narrando a viagem, as tempestades, quebra de mastro, retorno para reparos no navio causando a demora da viagem; o incidente com o navio pirata causando grande susto nos colonos. Mas com a bênção de Deus, em vez de saque, receberam dos piratas presentes, frutas, maçãs, uvas, vinho, aguardente. O mesmo navio pirata havia capturado um navio mercante no dia anterior, em frente aos muros de Santa Cruz (Tenerife). Depois vem a descrição do nascimento do filho. A alegria do acontecimento e a distribuição de 36 garrafas de vinho com os amigos. Em seguida a tristeza com o falecimento da esposa. A chegada ao porto do Rio de Janeiro, ficando os colonos numa vasta área pertencente ao Imperador, chamada Armação. Várias vezes receberam a visita do Imperador e da Imperatriz que foram muito condescendentes e conversavam com cada criança.

A chegada a Nova Friburgio: sem dúvida alguma a Providência Divina colocou, entre os colonos alemães, um Pastor que contribuiu para a preservação da fé e do vínculo a igreja de muitos evangélicos. Entre os suíços isto parece não ter ocorrido. Como a igreja fazia as vezes do cartório, nela se realizava registro de nascimentos, óbito e casamento. Explica-se assim o fato de colonos suíços, anteriormente calvinistas, e também de origem alemã, se filiarem à igreja romana lá em Nova Friburgo, Cantagalo, etc.



1.8. Trecho da Carta do Pastor Sauerbronn a parentes na Alemanha falando sobre a viagem

"... Depois de uma viagem de 18 dias fomos obrigados a voltar ao porto de saída Den Helder - Holanda, pois o mastro médio de nosso navio Argus havia se quebrado. O mastro foi substituído, o que provocou uma espera de 28 dias. Gastamos 12 dias para conseguir entrar no canal, onde outra vez uma tempestade nos obrigou a entrar no porto de Couse, na Inglaterra. Depois de permanecer ali 11 dias, foi recebido novo estabelecimento e a viagem continuou até as Ilhas Canárias; gastamos 54 dias, com ventos desfavoráveis até a Ilha de Tenerife, a maior das Ilhas Canárias.

Um dia antes da chegada em Santa Cruz, a capital de Tenerife, fomos abordados por um pirata africano que tinha 100 homens e 36 canhões a bordo. A meio tiro de espingarda de distância, os homens do navio pirata carregaram seus fuzis excelente; junto a cada canhão estava um homem pronto a abrir fogo. O pirata com voz horrível, mandou que baixássemos nossas velas. Depois ele se dirigiu a bordo, acompanhado por um único companheiro, ambos vestidos com uniforme pitoresco. Ele viu nossos rostos assustados de medo e se convencendo que o nosso navio era um pobre transporte de colonos, mudou seu tom; ofereceu-nos frutas, como: uvas, figos, laranjas, maçãs, como também vinho e aguardente. Após o susto, seguimos viagem com alegria.

Após a nossa chegada a Santa Cruz, soubemos que o mesmo pirata havia capturado um navio mercante um dia antes, em frente aos muros de Santa Cruz.

Ficamos três semanas em Tenerife, onde recebemos mantimentos. De lá até às Ilhas de Cabo Verde, não encontramos mais tempestades, mas sempre ventos contrários. Um dia antes da chegada àquelas ilhas, tive as mais tristes horas de minha vida. Em 17/11/1823 à meia-noite e meia minha esposa para sempre inesquecível, deu à luz a um garoto saudável. Reinou a alegria geral nos camarotes e eu doei 36 garrafas de vinho de Tenerife.

Sempre após uma alegria exagerada, aparece a tristeza. Dia 18 à uma hora da tarde a minha querida esposa, já era um cadáver. Ela não conseguiu ver o belo Brasil, do qual sempre falava. Levei meu filho recém-nascido para Nova Friburgo, onde veio a falecer de desinteria, um mês após a chegada.

Voltando à viagem, até a América do Sul, não tivemos mais acontecimentos especiais; os ventos foram fracos. Chegamos ao Porto do Rio de Janeiro após 8 meses de nossa partida da Alemanha.

Chegamos ao destino em 13/01/1824, com mais pessoas a bordo, das que partiram de Becherbach, pois além de 2 mortos, houve 16 nascimentos".

Os colonos chegaram a uma vasta área pertencente ao Imperador, chamada Armação e eu consegui com minha família, uma casa excelente, com livre alimentação, junto a Monsenhor Miranda, Inspetor da Colonização Estrangeira ocupando uma posição de Ministro.

Ficamos três mesese e meio por conta do Imperador e todos em "Dulce" júbilo. O Imperador e a Imperatriz nos visitaram várias vezes; eram muito condescendentes e conversavam com cada criança.

Dia 25 de abril, fomos transportados por conta ainda do Imperador para Nova Friburgo, 40 horas distante do Rio de Janeiro. O lugar tem o tamanho aproximado de Glanddernheim e consta de prédios pertencentes ao Imperador, prédios de um andar com telhados muito bons, quatro quartos cada um.

O piso não é como na Alemanha, em tábuas, mas de palhinha, o que tem muito aqui, ou de terra batida, como é na Alemanha o piso dos celeiros. Cada família ganhou uma casa e por ano e meio, diariamente um franco ou meio potac por cabeça, o que é suficiente. Durante este ano e meio, cada família é obrigada a cultivar uma parte das terras e lá construir uma casa, Isto torna possível, dentro de 3 meses que novos colonos, encontrem moradia. Nova Friburgo portanto é a colônia-mãe de onde os colonos europeus são distribuídos para outras terras.

Os meus correligionários viajam 40 horas, para ver e ouvir o seu SALVADOR, como eles me chamam. Eu já batizei crianças com um ano e meio e várias com 20 meses de idade; com isto eu tenho muito trabalho, e, as vezes, não consigo descer do cavalo durante 3 ou 4 dias.

Os meus filhos estão com boa saúde e os garotos freqüentam a escola do Imperador, com um professor suíço, que foi formado na Suíça, para ensinar os cursos primário e secundário. Eles têm progredido muito nas línguas portuguesa e francesa. Nunca na Alemanha eles aprenderiam em tão pouco tempo. Minha filha Charlotte, manda "mil abraços"; vocês não a reconheceriam mais. Ela cresceu, tornou-se uma donzela e já tem admiradores, mas para alegria do pai, continua respeitada. Ela herdou todas as virtudes da mãe".

No verão é muito quente, mas o calor é suportável pois dura somente 12 horas por dia, as noites são mais frescas que na Europa. O inverno em Nova Friburgo não é fresco mas frio, tão frio, tão frio que vi nas partes da manhã, até às 10 horas uma crosta de gelo na água e não me arrependi de ter trazido da Alemanha uma coberta de penas.

Vejo aqui ao lado do cafezeiro, o que pode parecer impossível, mas é a pura verdade. Pés de maçã ao lado de um limoeiro; uma cerejeira ao lado de batatas; deliciosos abacaxis e bananas ao lado de laranjeiras e videiras. Todos os legumes da Europa podem ser encontrados aqui. Temos ainda os produtos que os suíços cultivavam; o milho cresce bem e alimenta homens e animais; batatas de todos os tipos, beterrabas amarelas e brancas. Vê-se aqui o melhor trigo alemão, mas bem mais perfeito. Aveia e cevada não são cultivadas, pela preguiça dos suíços.

Cavalos, mulas, vacas, bois, suínos, ovelhas, patos, gansos, galinhas, perus e pombos se encontram de muito boa qualidade; todos são alimentados com milho.

O gado se encontra todo o ano nos pastos e retorna normalmente duas vezes por dia à casa do dono para ganhar mãos de milho.

A carne de boi é tão boa como na Alemanha, mas a carne de porco é bem melhor e mais vigorosa; a de carneiro é pouco consumida pois é tida como pouco saudável; a carne das aves é muito melhor do que na Alemanha. Caça existe aqui de várias espécies, mas muito menos do que na Alemanha, pois os animais selvagens se retiram das regiões cultivadas para o mato, onde não podem ser seguidos.

Animais ferozes, perigosos para o homem, não existem e as cobras que causavam o maior medo à nossa chegada, são muito raras. Eu vi até aqui agora, somente duas; e elas estão fugindo dos homens. Só mordem, se são pisadas, mas existem remédios infalíveis.

A videira se desenvolve bem aqui na colônia, mas os suíços somente a cultivam em pomar. Todo o vinho consumido aqui provém da França e de Portugal; a cerveja é importada da Inglaterra. Até agora, ninguém tentou fazer cerveja aqui. Ela é mais cara que o vinho, mas é muito consumida na capital.

A cerveja principal de todos os brasileiros é a cachaça a qual é destilada de cana e laranja e é muito barata. A garrafa vale 12 kronen. Esta bebida deve ser apropriada para este clima.

Cada brasileiro tem normalmente algumas mulas e cavalos. Por falta de estradas, tudo tem que ser transportado nas costas. Somente perto das cidades existem vias transitáveis. Todo o resto são picadas ou atalhos, que passam muitas vezes em cima de pedras grandes, mas facilmente vencidas pelas mulas e cavalos.

Se os brasileiros têm de andar somente uma distância de 200 pés, montam a cavalo e andam galopando. As mulheres de todas as classes também montam a cavalo como os homens e vocês iriam ficar admirados, vendo a minha Charlotte montar os meus dois garanhões.

Não nos falta nada, somente mãos para trabalhar. Por isso quanto maior a família, mais rica ela será".

Frederico Sauerbronn.



Notas:

Destino da missiva – Becherbach.

Transcrição do livro "A Imigração Alemã Para Nova Friburgo". Coletânea de Documentos – doação Rotary Club de Nova Friburgo para o Departamento de Cultura – CDH – Pró-Memória.



1.9. Os Primeiros Protestantes em Alto Jequitibá

Os imigrantes suíços chegaram ao Brasil em 1820 e eram quase todos católicos. Os alemães chegaram em 1824, eram protestantes, luteranos. No ano de 1859, a 12 de agosto, chega do Brasil, o americano Ashbell Green Simonton, o primeiro missionário Presbiteriano e esta data passou a ser considerada a data de estabelecimento do Presbiterianismo no Brasil. Em 1868 se estabelece a primeira família de protestantes no fertilíssimo Alto Jequitihá — era Guilherme Eller, seu filho Pedro e familiares, imigrantes alemães, luteranos. Foi a segunda família a se estabelecer aqui nesta região. Precederam-lhes os irmãos Sanglard — Eugênio e Leon Antônio Sanglard, de origem suíça e católica, que se estabeleceram no córrego da Jacutinga e com eles vieram quatro escravos.

Guilherme Eller abriu picadas na mata virgem, derrubou árvores frondosas e plantou a nova variedade de café - o Java que Jorge Gripp conseguira preservar lá na Sana do Macaé - e o resultado foi fantástico - o café demonstrou grande produtividade, também milho, feijão, arroz e tudo o mais que foi sendo plantado foi produzindo abundantemente. Quatro anos após sua chegada, morre Guilherme Eller, deixando viúva sua esposa Carlota Eller e dez filhos: 1) Henrique Eller, 2) Pedro Eller, 3) Felipe Eller, 4) Catarina Eller, esposa de Carlos Gripp, 5) Carlota Eller, esposa de Benedito Verly, 6) Magdalena EIIer, esposa de Pedro Antonio de Faria, 7) Margarida Eller esposa de João Verly, 8) Carolina Eller, esposa de José Maria de Bonson, 9) Maria EIler, esposa de João Emerick e 10) Carlos Eller. Seus herdeiros receberam a Fazenda Angélica em São José do Ribeirão (RJ), propriedades em Duas Barras (RJ), terras na freguesia de Santa Margarida (MG) e uma grande área de terra no Alto Jequitihá que pertencia a São Lourenço do Manhuaçú, termos de Ponte Nova.

Segundo o fichário dos membros da Igreja Evangélica (luterana) de Nova Friburgo, organizada pelo pastor Sauerbronn, Guilherme ou Wilhelm Eller nasceu em 1808 em Ober-Hörgern - Hessen, Alemanha. Era filho de Anna Maria Margaretha Eller, nascida em 1782 e Heinrich Eller nascido em 1777. Veio para o Brasil na primeira leva de imigrantes alemães, no navio Argus com seus pais e seus irmãos mais novos, Johannes (1812), Elizabeth (1815) e Catharina (1820). Embarcaram no porto de Den Helder - Holanda no dia 24 de junho de 1823 e depois de uma viagem repleta de surpresas, tempestades, atrasos, mas sob a proteção Divina, chegaram ao Brasil na Praia Armação, no Rio de Janeiro, onde desembarcaram no dia 13 de janeiro de 1824. Guilherme completara 16 anos na viagem. Em maio chegaram à Colônia de Nova Friburgo juntamente com os demais companheiros do Argus. Lá realizaram o primeiro culto com grande ajuntamento dos colonos, sob a direção do pastor Friedrich Sauerbronn, contratado que fora para acompanhar os alemães. Foi um culto de ação de graças pelas bênçãos recebidas até ali e súplicas da direção divina pelo que iriam enfrentar na nova vida, no país sem retorno à pátria européia. A presença do pastor com seus conselhos, sua orientação e sua suplica muito contribuiu para suavizar a viagem. Ele intercedeu junto ao Imperador e conseguiu liberdade para dar assistência religiosa aos evangélicos. Através dos cultos, leitura da Bíblia e canto de hinos em alemão e orações, a fé continuou viva nos corações dos imigrantes na nova pátria onde construiu um templo, mesmo contrariando a legislação brasileira que permitia reuniões de credos diferentes do romanismo, somente em casas sem aspecto de igreja (ou templo). A família Eller, muito trabalhadora, prosperou em Nova Friburgo adquirindo vacas, cavalos e galinhas para criação em pequena escala. Comerciavam com batatinha e trigo. Não tardou em adquirir terras mais produtivas, capazes de produzir café em locais próximos mas de menor altitude, longe de geadas. Nova Friburgo era muito fria para produzir café. E assim chegaram a Duas Barras, São José do Ribeirão, Cantagalo.



1.10. O Crescimento do Alto Jequitibá

Guilherme, numa de suas viagens a Ponte Nova, adquiriu terras no Alto Jequitibá, e assim no ano de 1868, com sessenta anos de idade veio conferir a fertilidade da terra e testar a produtividade do café. Ao morrer em 1872, seus herdeiros — Eller, Faria, Emerich, Gripp, Verly - não somente deram continuidade à colonização da terra como propagaram a fama de sua riqueza, estimulando a vinda de muitos outros como os Heringer, Dias, Sathler, César, Loubach, Breder, Schwuah, Spamer, Storck, Caterink, Klein, Cardoso, Pinheiro, Carvalho, Martins, Gomes, Emerick e outros.

Este povo chegou e cada um foi cuidar de abrir a sua clareira na mata, tirar madeira para construir sua casa, fazer sua plantação de sobrevivência: arroz, feijão, milho, hortaliças, mandioca, batata, inhame e taioba. Depois foi cuidar de plantar café. A solidariedade era comum entre eles. O carpinteiro estava pronto a ajudar no levantamento de uma casa. Em compensação recebia a ajuda na sua derrubada de frondosas árvores e suas remoções para os estaleiros onde seriam serradas. O trabalho não era individualista. Para derrubar os grandes cedros, as perobas milenares ou os frondosos jequitibás, eram necessárias três ou quatro pessoas com seus machados bem afiados, ou com as serras bem travadas e amoladas. Famílias menores se entendiam com outras, reunindo os homens para um trabalho que demandava grandes esforços em pouco tempo. As mulheres e crianças sentiam saudades dos parentes e amigos que ficaram lá em Duas Barras, Amparo, São José do Ribeirão, Cantagalo ou Nova Friburgo, mas cooperavam muito com o chefe da casa ajudando a plantar o feijão, milho, colher palmito, frutas do mato, recolher o mel que era abundante nos tocos ou nas árvores ocas e cuidavam da horta, da criação, além da casa e das refeições.

Assim o povoado do Alto Jequitibá foi aumentando de população. Inicialmente só havia casas no meio rural. Os ranchos foram dando lugares a casas maiores, mais confortáveis. Moinhos, monjolos, engenhos de moer cana, tachas para confecção de rapadura ou açúcar-mascavo foram sendo instalados dando mais conforto e maior rendimento para os agricultores mais abonados. Aqueles que não possuíam moinho ou pilavam o milho no monjolo ou no pilão ou levavam o milho para o vizinho mais próximo que possuísse moinho. Era praxe tirar marquia em vez de cobrar a moagem em dinheiro. Os carpinteiros faziam de tábuas de cedro recipientes destinados a medir o milho, fubá, feijão, etc. Eram caixas com orelhas dos dois lados e com capacidade para 20 litros ou meio alqueire, 10 litros ou uma quarta, 05 litros ou meia quarta. Estas medidas eram opções para as balanças, mais caras na época. A urbanização do povo só ocorreu após a cessão de terra por parte de Dona Catharina Eller para esse fim.



Continua...



BIBLIOGRAFIA



CUNHA, Maria Suzel Coutinho Soares. Notas Para Estudo da Presença Alemã em Nova Friburgo. Prefeitura de Nova Friburgo – RJ, Volume n.º 1, 1988.
História da Igreja Presbiteriana de Alto Jequitibá – MG – Primeira edição, 1991.
Acervo da Comunidade Evangélica Luterana de Nova Friburgo – Rio de Janeiro – 1999.

A Família Eller começou na alemanha...


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A Família Eller começou na Alemanha por volta do século IX, em Konstanz próximo a Suiça. Foram encontrados registros históricos por onde a família se instalavam e que atualmente a civilização chegou a essas propriedades e se transformaram em aldeias que receberam o nome de "Eller" (Eller, Nordrhein-Westfalen e Eller, Rheinland-Pfalz), segundo informações de pesquisadores de genealogia norte americanos. Pesquisando a origem do Brasão da família obtivemos informações do século XIII na pessoa de Sigmund Von Eller e seu filho Wilhelm Von Eller.

Devido a vários conflitos sociais na época, muitas famílias se imigraram para outros países, como Austrália, Brasil e inclusive os Estados Unidos da América entre outros.

Durante o século XIX havia grandes desajustes sociais na Europa provocada pelas guerras, e em 1823 com a notícia de que o Imperador do Brasil, D. Pedro I, e seus Governantes, estavam oferecendo oportunidades aos imigrantes europeus para a colonização em terras brasileira. Muitos alemães partiram de navios em busca de um futuro melhor. E na primeira viagem de imigrantes alemães ao Brasil, datada de 23 de julho de 1823, é que Henrich Eller filho de Johann Adam Eller e neto de Nicolaus Eller, e sua esposa Anna Margarethe Philippi e seus filhos: Wilhelm Eller, Johannes Eller, Elizabeth Eller, Anna Margaretha Eller e Catharina Elizabeth Eller, partiram do porto de Den Helder na Holanda, deixando para trás a aldeia Ober-Hörgern distrito de Münzenberg - Hessen onde viviam, e depois de uma viagem com muitos incidentes, desembarcaram ao Rio de Janeiro em 7 de janeiro de 1824. Ao desembarcarem, foram alojados num abrigo chamado "Armação das Baleias" em Niterói - RJ, de propriedade do Imperador, onde ficaram por três meses e meio até tomarem posse de uma área de terra com quatrocentas braças quadrada, equivalente a 1.932,80 m2 (lote de nº 103, casa nº 80) cedida pelo Imperador no distrito de Nova Friburgo - Rio de Janeiro e nela se instalaram. A família progrediu porque Henrich, além de pagar as passagens de sua família, trouxe dinheiro resultado da venda de seus bens na Alemanha para várias pessoas, comprando mais terras em Nova Friburgo. Os filhos de Henrich constituíram suas respectivas famílias e se emigraram para outras regiões do país, entre elas: Região norte do Estado do Rio de Janeiro (como: São José do Ribeirão, Duas Barras, Cantagalo), leste do Estado de Minas Gerais próximo à divisa com o sul do Estado do Espírito Santo (Alto Jequitibá, Manhuaçu, Governador Valadares), como também, a própria região sul do Estado do Espírito Santo (Castelo, Afonso Cláudio, Vitória).

No Brasil, Johannes Eller (João Eller) se casou com Rosa Bockenar e tiveram doze filhos, dentre os quais, o quinto filho - João Jorge Eller (meu trisavô), que por sua vez, se casou com Margarida Klippel Eller e tiveram onze filhos, entre eles: Guilherme Emílio Eller (meu bisavô), Adolfo Norberto Eller, Hugo Otto Eller, Samuel Eller, Edmundo Eller, João Eller, Ludivino Eller, Pedro Eller, Bárbara Eller, Paulina Eller e Maria Eller. Esses filhos se emigraram para o Interior do Estado do Espírito Santo, Minas Gerais e região Sul do país.

"Eis alguns nomes de outros Imigrantes Alemães que chegaram ao Brasil no final do século XIX e que já tomei conhecimento:”

- Agostinho Eller, Bernardino Eller e Adam Eller - desembarcaram em Florianópolis - SC.

Atualmente já somos milhares de descendentes em todo o Brasil, e nosso intuito é de criar o nosso "Centro de Informações da Família Eller no Brasil" pela Web para as nossas futuras gerações.

Veja os registros da nossa Família na Alemanha: Bairro "Eller" em Düsseldorf ; aldeia "Eller" perto de Bremm às margens do Rio Mosel e a aldeia "Ober-Hörgern – Distrito de Münzenberg - Hessen às margens do Rio Wetter a 50 km de Frankfurt sobre o Meno”.


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Eller, Nordrhein-Westfalen (Germany)


Eller, Rheinland-Pfalz (Germany)


Ober-Hörgern - Hessen (Germany)



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Genealogia da Família Eller


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Nova Friburgo, o berço dos pioneiros da Família Eller no Brasil.



"Acredita-se que a família Eller teve início com um CHRISTIAN ELLO que, no nono século D.C., viveu em Hirschberg próximo a Breges no Lake Constance onde estabeleceu-se, fora da floresta virgem, a CLAREIRA DOS ELLER que ainda existe até hoje."

A família Eller é uma família muito velha e honorável na Alemanha. De acordo com Siebmacher o nome na idade média era ortografado Elner. A família era uma das mais distinguidas no Rheinland (Província do Reno ). Seus ancestrais eram das proximidades de Düsseldorf de onde a família expandiu-se para a Westfalen e sul da Província do Reno (Rheinland), próximo a Danzig, onde Joachim Eller confirmou o Distintivo de Nobreza da família em 1600.

O nome Eller está representado muitas vezes na Alemanha e nem todas as pessoas com o nome Eller vem de uma pessoa chamado Eller. Eller é um velho termo Germânico para a árvore Germânica Erle (em português - "amieiro"). Portanto, Eller é geralmente aceito como um nome estabelecido – isso significa "morador próximo da árvore Erle" (Amieiro). Em raros casos, isso é também uma corrupção do nome Polonês Heller. O nome Eller também aparece na Inglaterra por volta de 1500 com o mesmo significado.(fonte: "The Eller Family Association" - Arden, NC - USA)

Portanto, já somos milhões de pessoas em todo mundo e o nosso objetivo é catalogar em quanto somos da Família ELLER no Brasil.

Se você é de nossa Família, ajude-nos a contar a nossa História e deixa-lá registrada para nossas Futuras Gerações.

Obrigada!!!...









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